Paraguai em 2025: Crescimento Econômico Sustentável em Meio a Desafios Globais

O Paraguai entra em 2025 com uma perspectiva econômica otimista, sustentada por políticas macroeconômicas prudentes e um ambiente de negócios favorável. De acordo com o relatório Panorama Macroeconômico do Paraguai 2025, publicado pelo Ministério da Economia e Finanças, o país projeta um crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) de 4% para o ano, um ajuste para cima em relação à estimativa anterior de 3,8%. Esse desempenho é impulsionado pelo dinamismo do setor de serviços, pela recuperação da indústria manufatureira e pela expansão da construção, apesar de desafios climáticos que impactam a agricultura. Com uma inflação controlada, reservas internacionais robustas e uma dívida pública sustentável, o Paraguai se consolida como um dos países mais estáveis da América Latina, atraindo atenção de investidores e agências de classificação de risco. Este artigo explora os principais indicadores econômicos, os desafios enfrentados e as perspectivas futuras do Paraguai, destacando seu papel como um polo de crescimento regional.

Contexto Econômico Global e Regional

O cenário econômico global em 2025, conforme projeções do Fundo Monetário Internacional (FMI), mantém-se estável, com um crescimento mundial estimado em 3,3% para 2025 e 2026. Nos Estados Unidos, espera-se um crescimento de 2,7%, impulsionado por revisões favoráveis, enquanto a Eurozona projeta um crescimento mais lento, de 1%, devido a tensões geopolíticas. Para as economias emergentes, incluindo a China (4,6%), o desempenho deve permanecer alinhado com as projeções anteriores, com leve desaceleração em 2026.

Na América Latina e no Caribe, o crescimento está previsto em 2,5% para 2025, com Brasil e México projetando 2,2% e 1,4%, respectivamente. Nesse contexto, o Paraguai se destaca com uma projeção de crescimento significativamente acima da média regional, reforçando sua posição como uma economia resiliente e competitiva no Mercosul.

Crescimento Econômico do Paraguai

Desempenho em 2024

Em 2024, o Paraguai registrou um crescimento do PIB de 4,2%, ajustado para cima em relação às estimativas iniciais, segundo o Banco Central do Paraguai (BCP). Excluindo agricultura e binacionais, o PIB cresceu 5,4%, refletindo a força dos setores secundário e terciário. O setor de construção foi revisado de 3% para 5,3%, impulsionado por obras públicas e privadas, enquanto a ganadería cresceu 7,3%, devido ao aumento do abate bovino. No entanto, a produção de eletricidade e água caiu 6,2%, afetada pelo baixo caudal do rio Paraná, e a indústria manufatureira foi ajustada para 4,4%, devido à menor produção de óleos.

Pelo lado da demanda, o consumo público cresceu 6,8%, refletindo maior gasto em bens e serviços pelo governo central, enquanto a formação bruta de capital fixo aumentou 8,3%, indicando confiança no investimento.

Projeções para 2025

Para 2025, o crescimento do PIB foi revisado de 3,8% para 4%, impulsionado por uma dinâmica positiva em diversos setores. O setor de serviços, com ajuste de 3,4% para 4%, lidera o crescimento, com destaque para comércio (4,2%), serviços domésticos e intermediação financeira. O setor secundário também apresenta perspectivas favoráveis, com a construção revisada de 4,3% para 4,9%, refletindo a continuidade de obras públicas e privadas. A indústria manufatureira mantém um crescimento estável de 3,9%, enquanto a produção de energia das binacionais deve crescer 8,7%.

No setor primário, a agricultura enfrenta desafios, com uma revisão para baixo de 2% para 0,6%, devido à menor produção de soja causada por condições climáticas adversas. A ganadería, por outro lado, projeta um crescimento de 2,3%, sustentado pela demanda regional.

Pelo lado da demanda, o consumo privado foi revisado de 3,6% para 4,3%, e a formação bruta de capital fixo de 3,9% para 4,5%, sinalizando maior dinamismo interno. Esses ajustes refletem a confiança na economia paraguaia, apesar de incertezas externas.

Política Fiscal e Finanças Públicas

Déficit Fiscal

O déficit fiscal do Paraguai em 2025 mostra uma trajetória de redução. Em janeiro, o déficit foi de -0,1% do PIB (US$ 28,6 milhões), evoluindo para -0,4% em fevereiro (US$ 173,5 milhões) e -0,8% em março (US$ 356,9 milhões). Em termos anualizados, o déficit global em março foi de -2,8% do PIB, impulsionado por gastos em medicamentos, alimentação escolar e pagamento de juros. Apesar disso, o governo mantém uma execução equilibrada da investimento público, garantindo sustentabilidade fiscal.

Receitas e Despesas

As receitas totais cresceram significativamente em 2025, registrando aumentos acumulados de 8,5% em janeiro, 13,7% em fevereiro e 14,8% em março, totalizando US$ 505,5 milhões no primeiro trimestre. Esse desempenho é impulsionado por uma arrecadação robusta de tributos, como o Imposto sobre a Renda Empresarial (IRE), o Imposto sobre o Valor Agregado (IVA) e aranceles, além de receitas não tributárias, que cresceram 22,3% em março, devido à dinâmica das binacionais Itaipu e Yacyretá.

Os gastos públicos, por outro lado, aumentaram 41,8% em janeiro, 11,4% em março, com destaque para bens e serviços, pagamento de juros e remunerações em setores estratégicos. A composição dos gastos reflete o compromisso do governo com investimentos sociais e infraestrutura, enquanto mantém a disciplina fiscal.

Investimento Público

O Sistema Nacional de Investimento Público (SNIP) tem otimizado a alocação de recursos, com a investimento público totalizando US$ 962,1 milhões em março de 2025, sendo US$ 615,5 milhões do Ministério de Obras Públicas e Comunicações e US$ 346,6 milhões de outras entidades. Esse montante, equivalente a 2% do PIB em termos anualizados, reflete o foco em projetos de infraestrutura que geram impactos positivos na sociedade, como estradas, pontes e saneamento.

Política Monetária e Inflação

Política Monetária

O Banco Central do Paraguai (BCP) opera sob um regime de metas de inflação desde 2011, com o objetivo de garantir a estabilidade monetária. Em 2025, o BCP reduziu a meta de inflação de 4% para 3,5%, mantendo uma tolerância de ±2%. Essa decisão é sustentada pela evolução favorável da inflação, pela eficácia da política monetária e pela credibilidade do BCP em ancorar as expectativas dos agentes econômicos.

A Taxa de Política Monetária (TPM) foi mantida em 6% em março de 2025, refletindo a estabilidade das condições econômicas domésticas, embora com cautela devido a fatores externos, como a alta de preços de commodities agrícolas e petróleo. A inflação mensal em março foi de 1,2%, impulsionada por alimentos voláteis, enquanto a inflação interanual atingiu 4,4%. A inflação subjacente (IPCSAE), que exclui alimentos e energia, foi de 4,2%. As expectativas de inflação para 2025 subiram para 4%, mas permanecem em 3,5% no horizonte de política monetária.

Contexto Internacional

Globalmente, os preços de petróleo e commodities agrícolas desaceleraram em março, devido a melhores perspectivas de oferta e menor demanda por restrições comerciais. Nos Estados Unidos, a inflação interanual caiu para 2,4%, enquanto a taxa de desemprego subiu para 4,2%. A Reserva Federal manteve as taxas de juros entre 4,25% e 4,5%, sinalizando cautela em ajustes futuros.

Balança Comercial e Reservas Internacionais

Balança Comercial

Em março de 2025, o comércio exterior totalizou US$ 2.753,1 milhões, com exportações de US$ 1.396,1 milhões e importações de US$ 1.356,9 milhões, resultando em um superávit comercial de US$ 39,2 milhões. Esse desempenho positivo contrasta com o déficit de US$ 104,9 milhões em janeiro, indicando uma recuperação nas exportações, especialmente de produtos agrícolas e manufaturados.

Reservas Internacionais

As reservas internacionais líquidas atingiram US$ 10.372,2 milhões em março de 2025, um aumento em relação aos US$ 9.851,7 milhões de janeiro. Compostas por US$ 9.038,8 milhões em dólares, US$ 809,3 milhões em ouro e outros ativos, as reservas representam 22,5% do PIB, garantindo estabilidade cambial e capacidade de enfrentar choques externos.

Dívida Pública

A dívida pública total do Paraguai atingiu 41,2% do PIB em março de 2025, um nível considerado sustentável e um dos mais baixos da região. A dívida externa representa 87,9% do total, majoritariamente em dólares (81,9%), enquanto a dívida interna, em guaranis, corresponde a 12,1%. A predominância de dívida em dólares não representa risco significativo, devido às receitas em dólares das binacionais. A maturação média da dívida da Administração Central é de 11,37 anos, oferecendo flexibilidade financeira.

Em março, 64,1% da dívida estava a taxa fixa e 35,9% a taxa variável, uma composição que equilibra estabilidade e exposição a flutuações de mercado.

Perspectiva de Crédito

O Paraguai mantém uma trajetória positiva em sua classificação de risco soberano. Em janeiro de 2025, a Standard & Poor’s confirmou a nota BB+ com perspectiva positiva, enquanto a Moody’s manteve Baa3 com perspectiva estável. A Fitch Ratings, em outubro de 2024, também confirmou BB+ com perspectiva estável. Essas avaliações refletem políticas macroeconômicas prudentes, baixo endividamento e reformas institucionais que fortalecem a governança.

Desafios e Oportunidades

O Paraguai enfrenta desafios em 2025, incluindo a vulnerabilidade da agricultura a condições climáticas adversas, como secas, que impactaram a produção de soja. A infraestrutura logística, embora em melhoria, requer investimentos adicionais para suportar o crescimento das exportações. Além disso, a dependência de receitas das binacionais exige diversificação econômica para reduzir riscos.

As oportunidades, no entanto, são vastas. A localização estratégica no Mercosul e a integração com o Corredor Bioceânico posicionam o Paraguai como um hub logístico e industrial. O crescimento do setor de serviços, incluindo comércio e intermediação financeira, oferece potencial para atrair investimentos em tecnologia e inovação. A estabilidade macroeconômica e os incentivos fiscais continuam a atrair capital estrangeiro, especialmente em setores como manufatura e construção.

O economista paraguaio Carlos Fernández Valdovinos, ex-presidente do Banco Central do Paraguai, destaca: “O Paraguai está aproveitando sua estabilidade e políticas prudentes para se posicionar como um líder regional. O crescimento de 4% em 2025 é um testemunho de sua resiliência.” A especialista brasileira em economia latino-americana, Mariana Costa, complementa: “O Paraguai combina crescimento econômico com sustentabilidade fiscal, um modelo que pode inspirar outros países da região.”

Perspectivas Futuras

O Paraguai está bem posicionado para manter seu crescimento em 2025 e além. O governo planeja expandir investimentos em infraestrutura, com foco em estradas, portos e energia renovável, enquanto promove a diversificação econômica por meio de incentivos à indústria e tecnologia. A continuidade das reformas institucionais e a melhoria da governança devem consolidar a confiança das agências de classificação de risco, potencialmente elevando o país ao grau de investimento com Fitch e S&P.

A integração regional, especialmente no Mercosul, e a expansão do comércio com mercados asiáticos via Corredor Bioceânico são prioridades estratégicas. Além disso, o fortalecimento da educação e da capacitação técnica será crucial para sustentar o crescimento de longo prazo, garantindo que a mão de obra acompanhe as demandas de uma economia em transformação.

Conclusão

O Paraguai em 2025 é um exemplo de resiliência e planejamento econômico. Com um crescimento projetado de 4%, inflação controlada e finanças públicas sustentáveis, o país se destaca como um dos mais promissores da América Latina. Apesar de desafios climáticos e externos, a combinação de políticas macroeconômicas prudentes, investimentos estratégicos e uma localização privilegiada posiciona o Paraguai como um polo de crescimento e inovação. O futuro é promissor, com oportunidades para consolidar sua liderança regional e atrair investimentos globais.

Agradecimento

Agradecemos à equipe do Vice-Ministerio de Economia do Paraguai pela inspiração inicial desta matéria, que serviu como base para a criação deste conteúdo exclusivo do Canal Albirrojo Digital. Agradecemos também ao respaldo de profissionais renomados, como o economista Carlos Fernández Valdovinos e a especialista Mariana Costa, cujas análises enriqueceram esta abordagem sobre o panorama econômico do Paraguai em 2025.